top of page

Eu preciso ficar, um tempo, sozinho


ree

Tá tudo bem, eu entendi seu ponto de vista, só não quero conversar agora. Um peso enorme caiu sobre minhas pálpebras e um vazio invadiu minha garganta. Eu só quero ir embora, tá?!


Não se preocupa, não tô exigindo nenhuma carta de alforria, estarei em casa e mantendo a rotina normal. Eu só preciso mergulhar em mim e ver se encontro alguma coisa nas minhas profundezas que expliquem tudo o que estou sentindo.


Não quero ler cards com mensagens motivacionais e nem assistir vídeos no YouTube que expliquem cientificamente minhas limitações, só quero conversar comigo e ver se tô entendendo direito o que meu corpo está tentando falar.


Eu não sei, é muito confuso, toda vez que sinto um aperto no peito, eu travo. É como se uma luz vermelha de emergência começasse a piscar incessantemente, uma sirene disparasse à tocar e a única direção que consigo tomar é a da saída mais próxima. Eu corro com força, pulo a janela, derrubo as portas; é um “salve-se quem puder” em uma luta pela sobrevivência.


Mas, sobrevivência do quê? Essa é a dúvida que tem me atormentado ultimamente. Quem, ou o quê, eu estou salvando ao fugir? Nos filmes, o protagonista é sempre aquele cara corajoso que fica no meio do incêndio  solucionando todo o caos. Eu não estou sendo esse cara, eu estou sendo o primeiro covarde a correr. Esse comportamento está me incomodando.


Eu ainda não sei como não ser covarde, porém já sei que não quero mais sê-lo. O tempo que esse conflito interno perdurará ainda é indefinido. Entretanto, vou me espelhar nos grandes heróis e começarei alimentando a minha coragem. Pois todos sabemos que alimentar o medo não trará soluções, quem tem medo não avança, não se supera, não enfrenta a vida. Apenas quando enfrentamos a vida, é que podemos saber qual será o resultado.


Imaginar possibilidades, embaixo das cobertas é para meninos sonhadores. Os grandes homens vão para a arena, lutar com toda sua força contra leões, se for preciso. E esses homens, destemidos, acabam vencendo uma, duas, três vezes, até que sua auto-confiança se eleva a um nível que ele se sente e se torna invencível. Eu quero ser invencível. Uma coisa é certa: apesar de ter fracassado em algumas batalhas até aqui, eu vou vencer essa minha guerra interna.


Mallu Navarro

Comentários


bottom of page